quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O direito de aprender

O saber, o direito de aprender, um poder legitimo de cada individuo, e foi por esse direito que Anísio Teixeira lutou e ficou conhecido internacionalmente. No documentário Educação não é privilegio da série educadores brasileiros, retrata a trajetória de vida de Anísio Teixeira e suas conquistas, contada por amigos e familiares.
Anísio Teixeira foi um homem que exercitou o olhar, percebendo a necessidade do ensino para todos, sendo essa educação universal e gratuita. Ele procurava sempre transmitir um conhecimento que promovesse na população uma reflexão, ou seja, o seu pensamento era voltado para o povo e para as necessidades desse mundo.
Através do estudo em colégios jesuítas apresentou uma dedicação religiosa fazendo com que entrasse para a companhia de Jesus. Formado em Direito tornou-se então Inspetor geral de educação da Bahia, um cargo equivalente a secretário da educação. Graças a esse cargo, permitiu o contato com novos métodos de ensino, como o livro Prática de trabalhos manuais e corporais de Omer Buyse, iniciando o processo de rompimento de suas ideias católicas e florescendo as ideias voltadas para a educação.
Com o despertar para o mundo do ensinar, Anísio foi influenciado também pela filosofia de John Dewey e a sociologia de Durkheim. Esse conhecimento permitiu a compreensão da necessidade de um novo ensino e de uma nova escola que acompanhasse o processo de modernização da sociedade brasileira. Resultando no rompimento de fato de suas ideias religiosas.
A ruptura fez com que passasse a ser um livre pensador se transformando então em um missionário da educação. Conjunto da indignação da importação do método educacional europeia e americana, Anísio traça novas diretrizes para o ensino publico. Um ensino que prepara o mundo, o mundo que é construído cotidianamente com o estudo cientifico dos problemas educacionais que eram abandonados ate então.
Em 1932 foi publicado o Manifesto escola nova, onde defendia a escola publica laica e obrigatória. Ou seja, assim como Paulo Freire, Anísio apresentava a consciência da necessidade do olhar para o outro mais necessitado. Inserindo na historia o oprimido oferecendo-lhes oportunidades através do alcance de uma educação sem custo e plena.
Esse manifesto foi o estopim para a disputa entre os educadores pioneiros e os católicos, pois quem tivesse maior repercussão de suas ideias definiria o rumo da educação. Houve, também, nesse momento a criação da Universidade do Distrito Federal (UDF) que foi abortada pelo governo Vargas, pois a ideia de Anísio Teixeira foi tida como comunista.
Anísio retoma ao espaço publico após a segunda guerra mundial através do convite de Otavio Mangabeiro, governador da Bahia, assumindo a secretária de educação. Finalmente, surge à oportunidade da construção de uma escola publica, universal e laica para todos. Criando o centro educacional Carneiro Ribeiro, mais conhecido como escola parque. Uma escola que originou a educação em tempo integral para a população carente.



A educação colocada em prática e defendida por Anísio é a criação de conteúdos para a interpretação do mundo e para o fazer. Ou seja, defendia o ensino conjunto da leitura de mundo de cada individuo, como o Paulo Freire, e através desse, possibilitar a confecção de artefatos pelo próprio aluno que o fosse útil. Essa escola parque fez com que esse modelo de ensino passasse a ser conhecido internacional. Pois, além desse método, possuía também um espaço amplo para as atividade, onde esse espaço influenciava na dedicação e interesse dos educandos para o estudo.
O seu reconhecimento foi demonstrado em um convite para trabalhar no mistério da educação, na secretaria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) na década de 50. Anísio criou o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) ligado ao INEP, pesquisando sobre a realidade educacional no Brasil.
Essa evolução do ensino provocou novamente a reação dos religiosos por meio do Manifesto dos Bispos onde solicitavam a demissão de Anísio do INEP. Mais uma vez apontado como defensor das ideias comunistas.
Além disso, Anísio foi idealizador da Universidade de Brasília (UnB) com o apoio de Darcy Ribeiro, sociólogo focado nas questões indígenas e educacionais, no governo de Joao Goulart que foi formada de maneira revolucionária. No entanto, nos anos de chumbo com o golpe de 64, o reitor Anísio, foi retirado da universidade tomada pela cavalaria e levado para o interrogatório. Com a infindável acusação de ligação com o mundo comunista, sofrera exilio para os EUA.
Compreensivo quanto as circunstancias politicas do Brasil, acreditava que as perseguições faziam parte do processo. Exilado e conhecido internacionalmente, se torna professor visitante sem o seu prestigio ser abalado. Na volta para o Brasil, Anísio dedica-se a literatura com o intuito de permanecer e repassar conhecimento. Participou da Academia Brasileira de Letras devido o seu renome e foi morto misteriosamente em 1971.

Esse missionário da educação lutou e conquistou a educação publica, laica e universal para todos. Possibilitando a inclusão e contribuindo para a evolução do Brasil. Seu método de ensino que intercruza com os ideários do filósofo Paulo Freire permiti a leitura de mundo do educando inserido nas escolas com o método do fazer, da pratica, sendo esse ensino gratuito e de direito de cada cidadão. O fato de ser reconhecido demonstra a força e a importância de suas ideias, como definido pelo grande escritor Jorge Amado, no documentário sobre Anísio Teixeira: ‘‘Anísio foi o mais modesto dos grandes homens, o mais simples, o que menos desejou para si próprio, mas ambicioso, porém em relação ao Brasil e ao homem brasileiro. ’’.

Hortência Silva Andrade
Graduanda em Bacharelado 
Interdisciplinar em Saúde -Vespertino- UFSB
tencia.andrade@gmail.com

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