O
saber, o direito de aprender, um poder legitimo de cada individuo, e foi por
esse direito que Anísio Teixeira lutou e ficou conhecido
internacionalmente. No documentário Educação não é privilegio da série
educadores brasileiros, retrata a trajetória de vida de Anísio Teixeira e suas
conquistas, contada por amigos e familiares.
Anísio Teixeira foi um homem que exercitou o olhar,
percebendo a necessidade do ensino para todos, sendo essa educação universal e
gratuita. Ele procurava sempre transmitir um conhecimento que promovesse na
população uma reflexão, ou seja, o seu pensamento era voltado para o povo e
para as necessidades desse mundo.
Através do estudo em colégios jesuítas apresentou uma
dedicação religiosa fazendo com que entrasse para a companhia de Jesus. Formado
em Direito tornou-se então Inspetor geral de educação da Bahia, um cargo
equivalente a secretário da educação. Graças a esse cargo, permitiu o contato
com novos métodos de ensino, como o livro Prática de trabalhos manuais e
corporais de Omer
Buyse, iniciando o processo de rompimento de suas ideias católicas e florescendo
as ideias voltadas para a educação.
Com o despertar para o mundo do ensinar, Anísio foi
influenciado também pela filosofia de John
Dewey e a sociologia de Durkheim. Esse conhecimento permitiu a compreensão da
necessidade de um novo ensino e de uma nova escola que acompanhasse o processo
de modernização da sociedade brasileira. Resultando no rompimento de fato de
suas ideias religiosas.
A ruptura fez com que passasse a ser um livre pensador
se transformando então em um missionário da educação. Conjunto da indignação da
importação do método educacional europeia e americana, Anísio traça novas
diretrizes para o ensino publico. Um ensino que prepara o mundo, o mundo que é
construído cotidianamente com o estudo cientifico dos problemas educacionais que
eram abandonados ate então.
Em 1932 foi
publicado o Manifesto escola nova, onde defendia a escola publica laica e
obrigatória. Ou seja, assim como Paulo Freire, Anísio apresentava a consciência
da necessidade do olhar para o outro mais necessitado. Inserindo na historia o
oprimido oferecendo-lhes oportunidades através do alcance de uma educação sem
custo e plena.
Esse
manifesto foi o estopim para a disputa entre os educadores pioneiros e os
católicos, pois quem tivesse maior repercussão de suas ideias definiria o rumo
da educação. Houve, também, nesse momento a criação da Universidade do Distrito
Federal (UDF) que foi abortada pelo governo Vargas, pois a ideia de Anísio
Teixeira foi tida como comunista.
Anísio
retoma ao espaço publico após a segunda guerra mundial através do convite de
Otavio Mangabeiro, governador da Bahia, assumindo a secretária de educação.
Finalmente, surge à oportunidade da construção de uma escola publica, universal
e laica para todos. Criando o centro educacional Carneiro Ribeiro, mais
conhecido como escola parque. Uma escola que originou a educação em tempo
integral para a população carente.
A
educação colocada em prática e defendida por Anísio é a criação de conteúdos
para a interpretação do mundo e para o fazer. Ou seja, defendia o ensino
conjunto da leitura de mundo de cada individuo, como o Paulo Freire, e através
desse, possibilitar a confecção de artefatos pelo próprio aluno que o fosse
útil. Essa escola parque fez com que esse modelo de ensino passasse a ser
conhecido internacional. Pois, além desse método, possuía também um espaço
amplo para as atividade, onde esse espaço influenciava na dedicação e interesse
dos educandos para o estudo.
O
seu reconhecimento foi demonstrado em um convite para trabalhar no mistério da
educação, na secretaria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) na década de 50. Anísio criou o Centro
Brasileiro de
Pesquisas Educacionais (CBPE) ligado
ao INEP, pesquisando sobre a realidade educacional no Brasil.
Essa evolução do ensino provocou novamente a reação dos
religiosos por meio do Manifesto dos Bispos onde solicitavam a demissão de
Anísio do INEP. Mais uma vez apontado como defensor das ideias comunistas.
Além disso, Anísio foi idealizador da Universidade
de Brasília (UnB) com o apoio de Darcy Ribeiro, sociólogo focado nas questões
indígenas e educacionais, no governo de Joao Goulart que foi formada de maneira
revolucionária. No entanto, nos anos de chumbo com o golpe de 64, o reitor Anísio,
foi retirado da universidade tomada pela cavalaria e levado para o
interrogatório. Com a infindável acusação de ligação com o mundo comunista,
sofrera exilio para os EUA.
Compreensivo quanto as circunstancias politicas do Brasil,
acreditava que as perseguições faziam parte do processo. Exilado e conhecido
internacionalmente, se torna professor visitante sem o seu prestigio ser
abalado. Na volta para o Brasil, Anísio dedica-se a literatura com o intuito de
permanecer e repassar conhecimento. Participou da Academia Brasileira de Letras
devido o seu renome e foi morto misteriosamente em 1971.
Esse missionário da educação lutou e conquistou a educação
publica, laica e universal para todos. Possibilitando a inclusão e contribuindo
para a evolução do Brasil. Seu método de ensino que intercruza com os ideários
do filósofo Paulo Freire permiti a leitura de mundo do educando inserido nas
escolas com o método do fazer, da pratica, sendo esse ensino gratuito e de
direito de cada cidadão. O fato de ser reconhecido demonstra a força e a
importância de suas ideias, como definido pelo grande escritor Jorge Amado, no
documentário sobre Anísio Teixeira: ‘‘Anísio foi o mais modesto dos grandes
homens, o mais simples, o que menos desejou para si próprio, mas ambicioso,
porém em relação ao Brasil e ao homem brasileiro. ’’.
Hortência Silva Andrade
Graduanda em Bacharelado
Interdisciplinar em Saúde -Vespertino- UFSB
tencia.andrade@gmail.com
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